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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Desafios do G8: metas contra emissões e soluções para crise alimentar

Hokkaido (Japão) e São Paulo (Brasil), Internacional — Países ricos são protagonistas do encontro, mas Brasil é nação chave nas negociações sobre mudanças climáticas.

Os líderes dos países mais ricos do mundo, os chamados G8, se reunirão nesta semana, de 7 a 9 de julho, em Hokkaido, no Japão, para discutir assuntos de interesse global, como mudanças climáticas e segurança alimentar. O Greenpeace acompanhará o encontro para cobrar que o G8 se comprometa com metas obrigatórias de redução das emissões de gases de feito estufa, além de adotar medidas efetivas para atacar as causas da crise alimentar global.

A mudança climática, grande ameaça para humanidade hoje, tem sido causada principalmente pelos países do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá e Rússia). Eles são responsáveis por mais de 80% das emissões globais de gases de efeito estufa. Apesar de representarem somente 13% da população mundial, emitem mais de 40% do percentual global de CO2.

O G8 tem que se comprometer a reduzir as emissões em 30% até 2020 e de 80% a 90% até 2050 – em relação aos níveis de 1990.

"Adotar metas obrigatórias de redução de emissões e investir em uma revolução energética baseada em soluções reais – investindo em energias renováveis e eficiência energética -, significa uma resposta do G8 aos gigantescos preços do petróleo e o início de uma política global efetiva contra as mudanças climáticas", afirmou Daniel Mittler, especialista em política do Greenpeace Internacional.

O Greenpeace está pressionando o G8 para que:

* que os países industrializados se comprometam a cortar as suas emissões em pelo menos 30% em 2020 e de 80% a 90% em 2050 – em relação aos níveis de 1990;

* as emissões globais comecem a ser reduzidas em 2015 e cheguem a mais de 50% em 2050 (em comparação a 1990);

* mantenham o aumento médio da temperatura global abaixo dos 2˚C (em comparação aos níveis pré-industriais);

* haja um empenho unilateral do Japão em reduzir suas emissões em 40% em 2020, já que ele é o país-sede da reunião neste ano;

* reconheçam que a proteção das florestas intactas é crucial para a preservação da biodiversidade e para o combate às alterações climáticas.

O Greenpeace também vai cobrar do G8 providências para resolver as causas fundamentais da crise alimentar mundial. O primeiro passo é substituir a agricultura intensiva por sistemas ecológicos que valorizem a biodiversidade, o que significa intensificar a luta contra os trangênicos. As falsas promessas da engenharia genética são uma ameaça para a segurança alimentar, e não a solução para a crise.

"'O G8 deve transferir para os países mais pobres investimentos em tecnologias que proporcionem rendimentos mais elevados, qualidade na alimentação e maior resistência aos efeitos das mudanças climáticas. Se continuarmos a sujar nosso solo, contaminar a nossa água com produtos químicos tóxicos e cultivar sementes geneticamente modificadas, não vamos resolver a atual crise alimentar", afirmou Jan van Aken, especialista em agricultura do Greenpeace Internacional.

As medidas sobre segurança alimentar que devem ser tomadas são:

* aumentar os investimentos públicos em pesquisas e desenvolvimento de temas relacionados a alterações climáticas e ecológicas;

* eliminar os financiamentos de culturas geneticamente modificadas e proibir as patentes de sementes;

* eliminar progressivamente a maioria dos produtos químicos tóxicos usada na agricultura;

* eliminar os subsídios agrícolas ecologicamente destrutivos;

* incentivar à produção alimentar interna e derrubar as metas obrigatórias para aumentar a proporção de biocombustíveis nos transportes.

O Brasil e o G5

Os países ricos podem ser os protagonistas do evento, mas o Brasil, ao lado de China, Índia, México e África do Sul, é uma nação-chave nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas e tem um papel estratégico na reunião do G8 por também ser um grande emissor – o 4° do mundo.

"O presidente Lula declarou-se a favor de metas para os países desenvolvidos. Essa só será uma boa notícia caso países como o Brasil passem do discurso à prática e implementem planos nacionais e metas – ainda que nacionais – de maneira transparente e efetiva. O plano brasileiro deveria estar pronto em abril e agora está prometido para setembro. Nós exigimos um compromisso real do governo brasileiro pois não temos tempo a perder", disse Luis Henrique Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil.

As discussões sobre agrocombustíveis como uma das soluções para reduzir a emissão de gases do efeito estufa interessam muito ao Brasil – de acordo com o IPCC, a tecnologia deverá responder por 3% a 10% da matriz do setor de transporte em 2030.

"O Greenpeace apóia o desenvolvimento de fontes de energia alternativas e amigáveis do ponto de vista climático, desde que incorporem critérios rigorosos para assegurar salvaguardas ambientais e sociais", explicou Piva.

"Há outras maneiras muito mais efetivas de se reduzir as emissões, como o uso de fontes renováveis."

O Greenpeace não acredita que o Brasil deve se tornar uma 'Arábia Saudita Verde', conforme vem sendo promovido pelo governo federal e nos discursos do presidente Lula fora do país. Diversas experiências ao redor do mundo mostram que as atuais fontes de agrocombustíveis não têm critérios apropriados do ponto de vista social e ambiental.

Outro tema que deve atingir o governo brasileiro é a geração de energia nuclear.

No cenário brasileiro de abundância de recursos renováveis, investir em geração nuclear é um desperdício inaceitável de recursos públicos, além de risco desnecessário para a sociedade.

"O anúncio de que o governo brasileiro pretende construir 8 usinas nucleares, além de Angra 3, não se sustenta do ponto de vista energético ou de combate ao aquecimento global. Da maneira como está sendo apresentada, a proposta é também uma afronta à Constituição Federal, que delega claramente ao Congresso Nacional o poder de discutir e aprovar a construção de usinas nucleares em território nacional. Investir em energia nuclear não é o caminho da sustentabilidade energética brasileira", afirma Receba Lerer, coordenadora da campanha de energia.

Fonte: GreenPeace

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